Descubra o que é Presbifonia, o famoso envelhecimento da voz
Alguma vez já aconteceu de confundirem a sua voz? É algo que tem ocorrido com frequência nos últimos tempos? Não se assuste, o envelhecimento da voz é sim um processo natural, mas há diversas maneiras de amenizá-lo.
Quem explica é a fonoaudióloga Norma Zanatta
“Com quem eu estou falando?”. Não estranhe se em uma tarde qualquer ao atender ao telefone o interlocutor lhe fizer essa pergunta. Inclusive se o mesmo for um conhecido de longa data ou familiar. Com o passar dos anos – especialmente na segunda metade da vida – alterações biológicas no organismo se tornam responsáveis por modificar o tom de voz de homens e de mulheres e até mesmo de assemelhá-los.
O nome pode remeter à doença, mas a Presbifonia é um processo natural de envelhecimento da voz. Ou seja: não há como escapar. Observa-se um aumento da frequência fundamental nos homens e a redução da frequência fundamental nas mulheres, portanto, a voz dele fica um pouco mais fina enquanto a dela se torna um pouco mais grossa. Está ai o fator responsável por tornar a voz dos indivíduos tão parecidas na senescência.
Mas as alterações não dizem respeito apenas ao timbre. Há também uma redução no tempo máximo de fonação, o que faz com que o idoso reduza a velocidade de fala e frequentemente necessite de mais pausas articulatórias. A causa dessas mudanças está relacionada a fatores biológicos como o processo de atrofia das glândulas salivares, que interferem na produção de saliva e causam a sensação de boca seca, à calcificação das cartilagens da laringe, o que leva a uma redução da mobilidade laríngea e até à atrofia muscular – a mesma que acontece com os demais músculos do corpo. Isso sem falar na capacidade vital dos pulmões, que também sofre redução.Produzida na laringe, órgão localizado no pescoço e que abriga duas pregas vocais, a voz é um som formado pela vibração do ar – em média, 100 vezes por segundo nos homens e 200 vezes por segundo nas mulheres – que é retirado dos pulmões pelo diafragma e que passa pelas cordas vocais sofrendo alterações influenciadas pela boca, lábios e língua.
Há muitas partes, portanto, capazes de interferir em seu processo de envelhecimento – isso sem falar dos fatores não biológicos inerentes a cada indivíduo, como seus hábitos alimentares, ingestão de álcool ou outras substâncias ilícitas, tabagismo, profissão em que atua (cantores e professores, por exemplo, tendem a desenvolver a presbifonia precocemente caso não façam exercícios de manutenção da voz e de prevenção), realização de atividade física, refluxo gastro-esofágico, baixa ingestão de água, entre outros. Fatores hereditários, ambientais e psicológicos também possuem a sua parcela de influência, especialmente com relação a um possível envelhecimento precoce da voz.
Cuide da voz para que ela acompanhe sua longevidade
É bastante comum nos dias de hoje que os discursos com relação ao envelhecimento permeiem o tema da longevidade, nunca antes tão vislumbrada e também tão possível. Acontece que o corpo humano mantém muitas questões genéticas ainda a serem estudadas com relação a uma vida longínqua.
No que diz respeito à voz, especificamente, é identificado um período de melhor desempenho vocal bastante jovem, que se estende dos 25 aos 40 anos de idade, limite flexível, mas que delimita o surgimento de uma série de alterações estruturais e biológicas como as já citadas anteriormente.
Nas mulheres, de acordo com a fonoaudióloga especialista em gerontologia pela Unifesp, Norma Zanatta, esse envelhecimento costuma ocorrer de maneira mais precoce ainda e, no geral, tem como primeiros sintomas a voz cantada, em que se perde a capacidade de modulação da voz, ocasionando a diminuição da extensão vocal e gerando a perda dos agudos.
Há uma série de medidas que podem ser tomadas com o intuito de abrandar o envelhecimento da voz, explica a especialista, inclusive, um treinamento fonoaudiólogo específico conhecido como reabilitação vocal para minimizar essas interferências. Através do tratamento, é possível recuperar parcialmente a funcionalidade da voz, deixando-a mais forte, adequada ao sexo e com maior flexibilidade para ser projetada no ambiente se o contexto exigir.
Para os que usam a voz como instrumento de trabalho é indicado ainda o aquecimento e desaquecimento vocal a fim de favorecer uma produção sonora sem abuso ou esforço, sempre acompanhada de um profissional.
Uma dica importante para aqueles que desejam manter a sua voz jovem é ter um alto grau de hidratação, já que a redução do consumo de água – bastante comum nos idosos – faz com que a mucosa da laringe e da boca permaneçam desidratadas, o que reduz os movimentos muco-ondulatórios das pregas vocais e prejudica a produção vocal.
A especialista ainda cita outros cuidados, como falar sem esforço e sem gritar, evitar pigarros e atentar para as tosses, pois ambos machucam as pregas vocais, além de manter a respiração livre ao realizar atividades físicas, evitando conversas durante caminhadas intensas, corridas ou ginásticas.
Atenção! Essa sua tosse ou pigarro pode não ser um sintoma de Presbifonia
É comum associar a tosse seca e o pigarro à presbifonia, porém Norma adverte: “quando esses sintomas tornam-se recorrentes é necessário consultar um médico. Alterações como voz trêmula, presença de ar na voz, dor ao falar, sensação de ardor e de queimação na laringe e cansaço associado à produção e impostação da voz podem ser sintomas de outras doenças, até mesmo mais graves, do que o processo de envelhecimento natural da voz.” Por isso, é importante estar atento ao seu corpo.
Sabe-se ainda que a voz é também reveladora da personalidade humana e das emoções sentidas fazendo parte, portanto, da formação sociocultural de um indivíduo. Nas pessoas com mais idade é necessário prestar muita atenção a esses códigos, tantas vezes reveladores de doenças com fundos psicológicos.
Fonte: http://mundoprateado.com/descubra-o-que-e-presbifonia-o-famoso-envelhecimento-da-voz/
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